Eu particularmente sou apaixonada por livros. Li centenas deles mas na verdade ainda quero escrever um. Mesmo que seja para guardar na gaveta.
Quando gosto muito de uma coisa,tenho vontade de dividir. Peço desculpas aos que não se ligam muito a literatura.
ANTIGUIDADES
A vida na tradição é mais segura. O rumo é um só. Apenas seguimos, na segurança de quem soube ir.
É também o bom da vida uma sopa em dias frios. A tigela fumegando sobre a mesa de carvalho, as meias três quartos aquecendo as pernas, a blusa de lã tão antiga quanto o frio. A vida em perfeita ordem, acontecendo aos poucos e sem pressa.
A solidão não me assusta. O meu lugar é minha companhia.
A velha de hoje não quer mais se ocupar de emoções pueris. Perda de sensibilidade ? Não. Apenas um jeito mais calmo de passear pelas frases. Quando a maturidade chega, com ela vem a dificuldade nas surpresas.
Sempre fiz meus dias de férias na fazenda de tia Percília. Não há outro lugar neste mundo que me descanse mais. A lareira em dias de frio, o ritual para acendê-la; a lagoa em dias de calor e o atrevimento contido nas roupas de banho. O movimento das mulheres na cozinha, o lenitivo da sesta, a vida em perfeito estado de rotina. O cheiro da terra, o frescor do quarto, a cama de madeira nobre, os travesseiros com fronhas de linho, bordadas à mão. A arte ajudando a dormir. Coisas de outros tempos, quando as mulheres ainda registravam nos linhos as sensibilidades da alma. As conversas ao redor da mesa de chá. Sou mulher de bordados extensos. Nunca temi a demora das tramas.
Enquanto isso eu envelheço. Vejo e sinto o tempo se estabelecendo dentro de mim feito um posseiro. Recebo-o com delicadeza e reverência. Meu mundo antigo permanece. Absoluto. Imponente. Sou feita de detalhes antigos que carecem de contextualizações.
Este é um trecho tirado do livro; "Mulheres de Aço e de Flores". Do Padre Fabio de Melo.
Tenho todos os livros dele e me identifico muito com seus personagens. O mais estranho, é que este padre é ainda muito jovem, mas escreve e da palestras maravilhosas.
Quando gosto muito de uma coisa,tenho vontade de dividir. Peço desculpas aos que não se ligam muito a literatura.
ANTIGUIDADES
A vida na tradição é mais segura. O rumo é um só. Apenas seguimos, na segurança de quem soube ir.
É também o bom da vida uma sopa em dias frios. A tigela fumegando sobre a mesa de carvalho, as meias três quartos aquecendo as pernas, a blusa de lã tão antiga quanto o frio. A vida em perfeita ordem, acontecendo aos poucos e sem pressa.
A solidão não me assusta. O meu lugar é minha companhia.
A velha de hoje não quer mais se ocupar de emoções pueris. Perda de sensibilidade ? Não. Apenas um jeito mais calmo de passear pelas frases. Quando a maturidade chega, com ela vem a dificuldade nas surpresas.
Sempre fiz meus dias de férias na fazenda de tia Percília. Não há outro lugar neste mundo que me descanse mais. A lareira em dias de frio, o ritual para acendê-la; a lagoa em dias de calor e o atrevimento contido nas roupas de banho. O movimento das mulheres na cozinha, o lenitivo da sesta, a vida em perfeito estado de rotina. O cheiro da terra, o frescor do quarto, a cama de madeira nobre, os travesseiros com fronhas de linho, bordadas à mão. A arte ajudando a dormir. Coisas de outros tempos, quando as mulheres ainda registravam nos linhos as sensibilidades da alma. As conversas ao redor da mesa de chá. Sou mulher de bordados extensos. Nunca temi a demora das tramas.
Enquanto isso eu envelheço. Vejo e sinto o tempo se estabelecendo dentro de mim feito um posseiro. Recebo-o com delicadeza e reverência. Meu mundo antigo permanece. Absoluto. Imponente. Sou feita de detalhes antigos que carecem de contextualizações.
Este é um trecho tirado do livro; "Mulheres de Aço e de Flores". Do Padre Fabio de Melo.
Tenho todos os livros dele e me identifico muito com seus personagens. O mais estranho, é que este padre é ainda muito jovem, mas escreve e da palestras maravilhosas.
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